sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Aspirante a rockstar

Comecei, de fato, minha primeira banda em 2005, como já havia dito em outra coluna. E desde lá continuo com essa história de brincar de rock. Depois de alguns anos tocando aqui e ali, comecei a me perguntar qual seria a nossa motivação. Afinal, a vida de um aspirante a rockstar está longe de ser um mar de rosas.

Com certeza a motivação não é dinheiro. Quem tem banda aqui na região sabe que é difícil receber algum cachê. Às vezes, a remuneração é até mesmo negociada por fichas de cerveja. Em compensação, os instrumentos e equipamentos são caros. Nem tenho a coragem de colocar isso na ponta do lápis e calcular a diferença entre ganhos e gastos. É prejuízo na certa. Semana passada meu vocalista estava negociando um show em que metade do valor dos ingressos iria para a banda. Raridade.

Como se não bastasse, nem sempre os shows são bem organizados. Já toquei em lugares cheios e em lugares quase vazios. Já toquei em palcos com bons equipamentos e iluminação, mas também teve aqueles em que o palco estava sobre uma pilha de tijolos e o som parecia de um enxame de abelhas.

Então, qual é a nossa motivação? Paixão. Nenhuma outra palavra explica. Pensando bem, talvez a palavra loucura também sirva.


Este foi mais um texto da minha coluna no jornal Arauto, toda terça-feira.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Quanto custa ver Paul?


Ingresso mais barato = R$ 140
Estacionamento = R$ 30
Camiseta = R$ 25
Água = R$ 3
Refrigerante (lata) = R$ 5
Cerveja (lata) = R$ 6
Picolé = R$ 5
Total = R$ 214

Juro que valeu a pena!


Pontos altos
-Ótimo show;
-Boa organização na entrada, com filas longas, mas que andavam rápido (pelo menos a nossa, hehe);
-Local bem escolhido para um evento deste porte;
-Ingressos adequados;
-Boa estrutura de atendimento para comidas e bebidas

Pontos baixos
-Poucas vagas no estacionamento oficial. Nosso carro ficou estacionado em um local público “administrado” por uma cooperativa, e queriam cobrar R$50;
-Saída confusa. Por conta da segurança do Paul McCartney, um lado do estádio foi bloqueado;
-Ingenuidade e falta de estrutura do site para a venda de ingressos online;
-Como houve muita demanda, o site não suportou e houve muitas ocorrências de erros nos pedidos.

Paul: ouvir, ver, sentir


Quem foi até o Beira-Rio no último domingo à noite já faz parte da história. Viu o show de um cara que parece não envelhecer, uma das lendas do rock n’ roll, Paul McCartney. Pouco importa se os espectadores eram fãs dos Beatles, dos Wings ou da carreira solo. Todos saíram do estádio mais fãs de Paul. Não é à toa que o rapaz (sim, rapaz) de idade avançada continua sendo ídolo no mundo todo.

Mesmo sendo um rockstar declarado, o cantor não repetiu os atrasos comuns em shows deste porte. Com uma quase pontualidade britânica, subiu ao palco apenas alguns minutos após às 21h. E isso bastou para que o estádio inteiro se entregasse ao ex-beatle.

A receita de Paul foi misturar os sucessos de suas antigas bandas e de sua carreira solo. Assim, garantiu que o show fosse cantado pelo público do início ao fim. Os gritos de seu nome compuseram a trilha sonora dos intervalos entre as músicas.

Ainda galanteador, o músico não pensava duas vezes antes de fazer poses, caras e bocas no palco, para delírio do público. Com a idade, sua agilidade no palco impressiona. E como todo bom artista internacional, arriscou algumas palavras em português em solo gaúcho. “Boa noite, Porto Alegre. Boa noite, Brasil”, disse Paul. Mais do que isso, usou até algumas gírias aqui do estado, como “bah, tchê” e “tri legal!”. Também disse que uma das músicas foi composta para sua “gatchinha”, em bom português, mas cheio de sotaque.

Os grandes momentos – se é que existiu algum momento que não tenha sido grande – foram as músicas “Live and Let Die” e “Hey, Jude”. Na primeira, um show de fogos agitou ainda mais a plateia com o sucesso gravado por tantos outros artistas, entre eles Guns n’ Roses. No segundo, o show foi do público, que entoou a canção por um longo momento. Esta também foi a maneira de pedir bis, com “Yesterday” e “Helter Skelter”.

Um show com 80 toneladas de luzes, telões de 15 metros, quase mais altos que o estádio. Um espetáculo para ouvir, ver e sentir. Um show para a história. Para a história do Estado e para a história de cada um dos que estiveram lá.

Eles também aprontavam


É bem engraçado ouvir as histórias dos nossos pais, tios ou avós quando tinham a nossa idade. Saber que sua mãe tomou um porre na adolescência ou que seu pai arranjou uma briga na escola naquele tempo, faz você se sentir mais próximo deles, com mais semelhanças. Sim, eles também aprontavam as suas! Se eu soubesse dessas histórias antes, não ficaria tão encabulado com as minhas.

Uma das histórias mais engraçadas de infância que já ouvi foi de uma das minhas madrinhas. Naquela época, ela era uma menina muito agitada com seus seis anos. Em um belo dia, resolveu pegar carona sentando na traseira de uma Kombi. Mal podia imaginar que a arrancada brusca iria derrubá-la. E o pior: o veículo andaria para trás. Só deu para se proteger e rezar para as rodas passarem longe.

Agora imaginem o susto do motorista ao ver uma criança se levantando na frente do veículo, que acabou de dar ré. É claro que ele pulou para fora e foi ajudar a minha madrinha. O problema é que ela não queria ajuda, aos gritos de “estou toda quebrada!”. Se estivesse quebrada mesmo, não conseguiria fugir correndo.

Ouçam as histórias de seus pais, tios e avós. Na próxima vez que você aprontar, não vai se sentir tão mal.


Este foi mais um texto da minha nova coluna no jornal Arauto, toda terça-feira.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Refém da rede


Às vezes eu tenho a impressão de que estamos deixando de viver no mundo real. Enquanto a vida acontece aqui fora, milhares de pessoas estão presas lá, na tal internet. Eu mesmo já me senti assim, refém da rede. Vejam só como fica a sua vida:

Depois de um extenso dia de trabalho/aula, você chega em casa. Como de costume, precisa ler seus e-mails. Informações úteis misturadas com dezenas de correntes inúteis e slides. Leu todos? Hora de abrir o orkut. Adiciona o amigo da 1ª série, lê os recados, entra em alguma comunidade. Só não pode demorar muito, pois ainda tem muita coisa para fazer. Abre o facebook. Precisa ver as novidades dos amigos, mas bem rapidinho, porque você ainda nem postou no twitter hoje (que absurdo!). Então vai lá, neste tal twitter, disputar quem consegue ser mais bacana e divertido com uma frase só. Não pode esquecer também de atualizar seu blog, afinal seus seguidores não podem diminuir, ou você se sentirá um derrotado virtual. E atualiza também o tumblr. E o flickr. E todos aqueles sites que você precisa entrar diariamente, por força do hábito.

Enquanto você estava ali, pulando de uma janela para outra e seu messenger gritava, a vida continuava aqui fora. E parecia bem mais divertida.



Este foi mais um texto da minha nova coluna no jornal Arauto, toda terça-feira.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Sorvete-seco e futebol de botão


Tenho 21 anos (não 32, como alguns teimam em dizer), então não faz muito tempo que deixei de ser criança. Mesmo assim, com o mundo mudando tão rapidamente, muitas das coisas que eu fazia na infância já não são mais feitas.

Um exemplo? Comer sorvete-seco. Arrisco dizer que mais da metade das crianças de hoje não sabe o que é sorvete-seco. Marcou minha infância. Eu tinha um colega que queria ganhar na mega-sena só para comprar um milhão destas guloseimas e encher a casa dele até o teto. E eu pedia para ele dividir o prêmio comigo se ganhasse.

Futebol de botão. Qual menino hoje joga futebol de botão? Lembro daquela coleção com jogadores clássicos. Os adesivos com o número da camisa e o símbolo, mas que sempre desgrudavam. As goleiras que não paravam no lugar e os dedos que ficavam esfolados de tanto jogar. Às vezes tinha até narrador. Hoje não tem mais.

Esta mudança não é exclusividade da nova geração. Eu também não brinquei com a maioria dos brinquedos que meus pais brincaram, então tudo bem. Fazer o quê? Só posso acabar o texto, voltar para o meu SuperNintendo e matar a saudade.


Esse foi mais um texto da minha nova coluna no jornal Arauto, toda terça-feira.

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